Futebol rico não é garantia de jogo bonito ou festa popularPor Rafael Santos | Futebol Cinco Estrelas 39 minutos atrás
Seedorf chega ao Botafogo, clube mais endividado do país
Nesta terça-feira, o jornal “Estado de São Paulo” divulgou dados oficiais da Fifa que dão clara noção de uma coisa que o torcedor sentiu na pele na última semana: de exportador de pé-de-obra, o Brasil se tornou importador de craques.
Para se ter ideia, entre janeiro e junho desse ano 230 jogadores brasileiros se transferiram para clubes do exterior e 478 atletas foram negociados por clubes estrangeiros com os do Brasil. Boa parte desse número é de brasileiros que voltaram a atuar no país.
A recente chegada de craques como Seedorf no Botafogo e Diego Forlán no Internacional são os exemplos mais bem acabados do que significa a estatística que também dá conta que o país como líder em transferências de atletas. Dados que deixam evidente que o futebol brasileiro enriqueceu. E foi às compras.
Reflexo direto do bom momento da economia. O cenário deixa otimistas torcedores, cartolas e parte da imprensa especializada. Só que nem tudo é samba e confete nesse Carnaval financeiro. Para se ter ideia, o Botafogo contratou Seedorf , mas ostenta a dívida de R$ 566 milhões conforme dados da Pluri Consultoria. Já o Inter de Porto Alegre que contratou Diego Forlán deve R$ 268 milhões.
Claro que devemos levar em conta a arrecadação que cada time terá com esses atletas, mas também cabe a ressalva que salários altos de estrelas costumar puxar para cima a folha salarial por inteiro, já que o que não vai faltar é boleiro querendo a famosa “valorização”. Em suma: a conta não fecha.
Tradicionalmente o futebol brasileiro é deficitário, mas a oferta recente de recursos pode tornar grandes agremiações verdadeiras estandartes do desequilíbrio financeiro. Algo como o trabalhador que se endivida mais e mais só porque o banco aumentou seu cheque especial.
Pode soar pessimista. Afinal é sempre bom ter grandes craques em nosso futebol, mas a realidade está se tornando fantasiosa ao ponto de Seedorf ganhar no Botafogo o mesmo que Thiago Neves no Fluminense com todo respeito ao bom meia tricolor, mas o currículo dos dois é bem distinto. Um adendo: o Flu deve R$ 405 milhões.
Internacional de Porto Alegre tem uma mega dívida e uma das folhas salariais do futebol brasileiro
Fator investidor
O torcedor mais atento pode até argumentar que estrelas como essas atraem investidores que pagam seus salários e até geram lucro para o time. Verdade. Só que não existe nenhuma garantia. O caso de Ronaldinho Gaúcho no Flamengo é o exemplo mais bem acabado e mostra que sem bom futebol e organização do clube fica difícil atrair investimentos.
Elitização pode ser valor alto demais
Se não existe garantia de bom futebol ou melhora financeira real de nossos clubes, uma coisa é certa: é o torcedor que vai pagar a conta. A cada transação milionária, os ingressos se tornarão mais caros. É cada vez mais claro o movimento orquestrado por cartolas de distanciar o futebol da base popular. O ingresso da final da Libertadores chegou a ser negociado por cambistas a R$ 22 mil.
Restará aos torcedores mais pobres ver futebol pela TV? Não sou tão pessimista, mas acho difícil acreditar no bom senso dos cartolas. Fato é que a elitização do futebol é fenômeno global e extenso. Já discuti aqui mesmo no blog esse assunto. A certeza é que apesar do otimismo, o futuro do futebol brasileiro é bem nebuloso.
Fonte: http://br.esportes.yahoo.com/blogs/futebol-cinco-estrelas/futebol-rico-n%C3%A3o-%C3%A9-garantia-jogo-bonito-ou-125103122.html