O Efeito da alta do Dólar e Euro sobre a janela de transferências
de jogadores
No próximo dia 20 de junho será aberta a
janela de transferências de jogadores estrangeiros, período em que os clubes
Brasileiros poderão contratar jogadores no mercado internacional. A janela ocorre
em um ambiente de crescente interesse dos times brasileiros pela contratação de
jogadores estrangeiros (em especial os Sul-Americanos), ou pela repatriação de jogadores
Brasileiros que atuam no exterior. Porém, ao contrário do que vem ocorrendo no passado
recente, a janela deste meio de ano coincidirá com um período de forte desvalorização
do Real frente ao Dólar e Euro, o que enfraquece o poder de compra dos clubes
nacionais. A crise econômica Européia, aliado aos persistentes déficits nas
contas externas brasileiras, e a redução do ingresso de capital estrangeiro
para investimento em renda fixa (devido às quedas da taxa Selic), são alguns
dos principais fatores a explicar a alta do Dólar frente ao Real, que já
acumula cerca de 28% nos últimos 12 meses.
O que alivia um pouco a situação é o fato de a
mesma crise Européia ter enfraquecido o Euro (a moeda chave nos negócios do
futebol) frente ao Dólar, o que resultou em uma alta da moeda européia frente
ao Real bem mais modesta, de 12% no mesmo período. Considerando a taxa de
câmbio R$ X Euro atual de R$ 2,57, já temos uma alta de 11% em relação à última
janela de transferência, que foi de 12 de janeiro e 4 de abril.
Impacto sobre a receita dos Clubes
Para se ter uma idéia do impacto da
desvalorização do Real sobre o poder de compra de nossos clubes, basta dar uma
olhada em seus balanços.
A tabela acima mostra o faturamento dos clubes
em R$ e convertidos para Euros pela taxa média do ano de 2011 (R$ 2,327) e pela
taxa atual (R$ 2,57). Reparem que o faturamento em Euros convertido pela taxa
de câmbio atual atinge 770 milhões, quase 10% a menos que os 851 milhões de
faturamento convertidos pela taxa média de 2011. Ou seja, estamos falando de um impacto cambial negativo em 80
milhões, que pode ser amenizado ou revertido por um aumento do faturamento
em R$, mas de qualquer maneira o estrago já está feito.
Outro atenuante é o fato de termos uma
fortíssima crise econômica na Europa, que certamente tem efeito baixista sobre os
valores de transferências e os salários de jogadores, o que também ajuda a
neutralizar a menor quantidade de Euros nos cofres dos clubes brasileiros. Mas
é sempre bom tem em mente o risco de distorções no mercado causadas pelas ações
de sheiks, bilionários russos e afins.
Ainda é cedo para mensurarmos com mais
precisão o impacto da desvalorização do Real sobre o mercado de transferências
de jogadores de, e para o Brasil, para isso é importante acompanhar o rumo da
taxa de câmbio nos próximos meses. Todavia, como não parece ser transitória a
combinação de um ambiente econômico externo negativo, com taxas de juros mais
baixas no Brasil, é factível trabalhar com um Real razoavelmente mais
desvalorizado do que nos acostumamos nos anos recentes. E que cada clube
trabalhe para neutralizar seus efeitos.
Fernando Ferreira
twitter: @pluriconsult
@fernandopluri